Deparei-me agora com essas fotos de 2005 que o tal Steven Meisel fez para a revista Vogue italiana. (Se existe uma maneira de um cara falar na Vogue italiana sem soar gay, avisem-me, que edito depois. Obrigado.)
O lance completo (imagino) está aqui, mas postarei apenas as fotos que me interessam, as que mostram um “antes e depois” dos narizes das modelos, cujos “defeitos” são reparados no Photoshop. Curioso como mesmo os narizes pequenos e considerados sem graça (por mim) PIORAM depois de suavizados digitalmente. A elas (clique para ampliar, se preferir, acho que rola):
Confesso que no caso dessa última foto eu gostei dos dois narizes. A concavidade se foi, mas apareceu uma bela reta de cima a baixo. Nas próximas, porém, a transformação fica crítica. São narizes pequenos cujos únicos detalhes que os deixam minimamente interessantes são retirados. Para piorar, e diferente das três fotos acima, a mudança apelou para o desagradável narizinho de boneca que, não contente em apresentar uma curvinha convexa sem graça, agora chama TODA a atenção para a já anteriormente presente ponta arrebitada, sonho de consumo de 9 entre 10 mulheres. Eram narizes pequenos, arrebitadinhos, mas que podiam ser levados em conta no âmbito do padrão de narizes (que eu considero) bonitos ou pelo menos legaizinhos, interessantes. Aí:
Isso aqui na esquerda para mim praticamente nem existe, sacou? Faz as contas e tenta adivinhar se essa coisa de conto-de-fada da direita sequer existe sob o conceito mais amplo de nariz, bicho.
E esse nariz aí de cima: possui? Não mude. Não tem nada de errado nele, jovem.
Muito se fala na ditadura da magreza, que a indústria da moda força as mulheres a serem anoréxicas ou a almejar um padrão absurdo. Não discuto. Agora quero saber de onde vem a idéia de que o narizinho de barbie é O Bonito. Dessas magrelas de 1 metro e 80 que vestem as roupas que não cabem na maioria das mulheres não é, porque as modelos são as que têm os narizes mais mirabolantes e (conseqüentemente) bonitos do universo feminino. Não me venham com bullying. Não são crianças de colégio que decidem o que é bonito e o que não é. Nem elas tiram onda de nariz, orelha, whatever grande por essas coisas serem feias ou bonitas; tiram onda porque são crianças, adolescentes inseguros e imbecis, nada a ver com “padrões de beleza impostos pela sociedade”. São vocês, garotas, que inventam que narizinho arrebitado é “harmônico e bonito e o sonho de toda mulher” e acabam desprezando qualquer “ossinho”, saliência ou curva “fora do lugar” nos seus narizes. Eu não sou louco, não sou um idiota, não sou a única pessoa que enxerga beleza em nariz grande. Nariz grande (gostar ou ter) não é uma aberração que choca a sociedade como – sei lá – coprofilia, minha gente. Não é um desvio bizarro de personalidade nem uma anomalia física rara ou curiosíssima. Take it easy.